Imploro
Imploro assim sentado
Nesta cadeira pregado
Com a alma já doente
De tanto implorar
De tanto orar
Estou a ficar descrente
O tempo passa a custo
E a vida é um susto
Neste comboio fantasma
Mesmo sem ir à feira
Eu vivo terror à minha beira
Dor, substantivo abstracto
E eu dele já estou farto
De tanto a sentir
Já nem a sinto
Até parece que minto
Este som mete medo
Este ruído em segredo
Que me destrói e esmaga
É um silêncio que enlouquece
A alma que envelhece
E o coração que se apaga
Nesta poluição sonora
De silêncio a toda a hora
Eu sinto-me definhar
No abismo da incerteza
Eu imploro como quem reza
Para ELE me acompanhar