Este é um blog onde dou a conhecer a minha poesia e assuntos relacionados com pessoas com deficiência

terça-feira, 28 de setembro de 2010

OS OLHOS TEUS






                   OS OLHOS TEUS


Gosto de ti assim
Da forma como olhas para mim
Desse jeito tão singular
Que só os teus olhos conseguem
Quando os meus perseguem
Nesse doce olhar

São tão belos os olhos teus
Que ao olharem prendem os meus
Numa prisão de amor e ternura
Que eu quero ficar enclausurado
Desta maneira tão enamorado
Até à hora da sepultura

Não quero ver-te chorar
Nem desses olhos brotar
Lágrimas de tristeza e dor
São tão belos quando brilham
Até parece que falam
Coisas de paixão e amor

Se eles falam não sei
Nisso nem reparei
Também é pouco importante
O que interessa é, com eles comunicar
Sentir a sua forma de amar
Num olhar forte e constante

O teu olhar é tudo isto
E por isso eu não resisto
A tão intensa ternura
Que esse olhar lança
E que eu guardo na lembrança
Numa recordação doce e pura

  
Arménio Cruz

sábado, 25 de setembro de 2010

SITUAÇÕES MAIS OU MENOS CARICATAS



SITUAÇÕES MAIS OU MENOS CARICATAS
Sempre passei férias na zona de Peniche. Por indicação do médico, aos 4 anos de idade, meus pais foram para Peniche. Meu pai foi trabalhar para uma quinta nas proximidades da praia e lá ficamos durante 3 meses. Anos mais tarde passamos a frequentar a praia de S. Bernardino. Depois de S. Bernardino andámos por outras paragens, como São Pedro de Moel… Fins dos anos de 80 e toda a década de 90, fiz campismo no Parque Municipal de Peniche.
Quando cheguei a este parque de campismo, nada tinha sido feito para uma normal utilização por deficientes. Então no primeiro ano, tive alguma dificuldade no uso dos balneários, mas com ajuda de terceiros lá me fui safando. Fiz uma reclamação no respectivo livro, onde expus as carências e necessidades do parque para que tivéssemos o mínimo de condições. E para espanto meu, no ano seguinte, lá estava uma casa de banho feita de raiz para deficientes! Com as respectivas placas que a identificava. Então, muito satisfeito e na companhia de um funcionário do parque fui fazer a estreia das novas instalações.
Ao chegar, vi que havia uma rampa que dava acesso à entrada com um desnível muito aceitável. Agora vejam a tal situação caricata… para chegar à rampa tínhamos de subir um degrau com cerca de 15cm e depois, para entrar a porta, mais um degrau de 15cm.
Fui falar com o director do parque, e este disse-me que foi de certo um lapso do pedreiro que fez a obra. Pronto… com esta afirmação vi logo que a obra tinha sido feita sem a aprovação de um arquitecto ou pessoa dentro do assunto! “Isto numa obra camarária!”
Então pedi ajuda e fui ver o interior das casas de banho. Zona de lavatórios e cubículos das sanitas, tudo muito bem e acessível, o balneário do chuveiro, com uma porta apertada onde não entrava a cadeira de rodas!
Mesmo assim, ainda fiz campismo neste parque durante alguns anos. Entre muitas situações que passei neste parque, vou contar-vos uma que é uma autêntica anedota.
O parque tinha duas saídas, a principal e uma virada a norte onde só se podia sair a pé. Um dia uns amigos convidaram-me para sair por ali e irmos dar uma volta. Ao chegarmos ao portão o senhor que estava a fazer a segurança dirigiu-se a mim dizendo que não poderia sair com a cadeira de rodas, pois as ordens que tinha, era de não deixar sair qualquer veículo com rodas! Como devem calcular, isto provocou uma gargalhada em coro de todos que estavam ali. Então eu, pensando que aquilo era para algum programa de apanhados, disse que, se não podia levar a cadeira, teria de ir a pé!!!!! O homem respondeu: Faça como quiser… Então e depois de alguma diplomacia, o senhor lá me deixou levar a cadeirita!
Hoje vou ficar por aqui, mas em breve trarei mais situações que mais parecem anedotas, mas infelizmente são reais!

Arménio Cruz

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

NAVEGANDO PARA A FELICIDADE









                   
NAVEGANDO PARA A FELICIDADE


No silêncio da solidão
E um sufoco no coração
Eu grito sem gritar
Neste desespero contido
Num emaranhado perdido
Sem forças para avançar

Já me falta a coragem
E a felicidade é uma miragem
Para eu a alcançar
Destroçado pela vida
Quase de mim banida
Eu navego para lá chegar

Navego para esse porto
E nem que chegue lá já morto
Eu lá, quero ancorar
E sentir o que é a felicidade
Num mundo sem maldade
E depois, amar

Resistindo ao mar revolto
Eu para trás já não volto
Quero lá chegar e depressa
Pois é grande a ansiedade
Por chegar ao porto da felicidade
E cumprir a tal promessa

Fiz a promessa de lá chegar
Por isso eu enfrento este mar
Que é a vida de altas vagas
Resistindo à tempestade
Com coragem e vontade
Hei-de chegar feliz e sem mágoas


Arménio Cruz





sábado, 18 de setembro de 2010

TEMPO PERDIDO



Tempo perdido no tempo
O tempo que passa perdido
A coragem de viver este tempo
Um tempo sem tempo e sentido

Gente que vive este tempo
Como quem morre ou não
Sente-se o tempo que passa
Em fantasia, sonho, ou ilusão

Agarra o tempo que passa
Porque ele passa, passa e corre
Não queiras ficar sem tempo
Sem tempo, como quem morre

Arménio Cruz

CENTRO DE MEDICINA E REABILITAÇÃO DE ALCOITÃO




O Centro de Medicina e Reabilitação de Alcoitão, uma referencia na medicina de  reabilitação no nosso país.
Ao ser inaugurado, em 1966, ficou com o estatuto de melhor centro da especialidade da Europa.
Passei a ser assistido neste centro no ano de 1969, portanto, 3 anos depois da sua inauguração.
Neste centro de medicina foram recuperados grandes atletas nacionais e vindos de toda a Europa.
                                                  

Eu no último internamento em Alcoitão, em Outubro de 2008, com as minhas terapeutas.





       Jardim central com a estátua que simboliza o centro


O Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão está localizado em Alcoitão.Alcoitão é uma localidade, no eixo Estoril/Sintra/Cascais. Dista a 4 Kms  do Estoril,  a 6 Kms de Cascais e cerca de 7 Kms de Sintra.
Está servida de transportes públicos rodoviários a partir do Estoril, Cascais e Sintra. A Auto-estrada A5, com saída no Estoril ou Alcabideche, coloca o CMR a 20 minutos de Lisboa.



Escola Superior de Saúde do Alcoitão“A escola pioneira de referência” 
 A Escola Superior de Saúde do Alcoitão (ESSA) instituída pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML). é um Estabelecimento de Ensino Superior Particular, pioneiro em Portugal na formação de Fisioterapeutas, Terapeutas Ocupacionais e Terapeutas da Fala, sendo desde a sua constituição a Escola de referência neste domínio.
Lecciona os Cursos de licenciatura em Fisioterapia, Terapia Ocupacional e Terapia da Fala, e possui formação pós-graduada, cujos planos de estudo estão adaptados ao Processo de Bolonha, a partir do ano lectivo 2008-2009.  
Em colaboração com o Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa tem vindo a desenvolver mestrados nas áreas de Terapia da Fala e Fisioterapia.
O seu ensino tem sido sempre pautado por elevados padrões de qualidade, aceites internacionalmente, e caracterizado por um equilíbrio entre as componentes académica e prática, desde o primeiro ano dos cursos.
Integra mais de 500 alunos e possui um corpo docente com cerca de 100 académicos, e profissionais de saúde, entre os mais qualificados a nível nacional.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA PORTUGUESA (artigo 71º)

Somos de facto um país ainda com muitas carências no que diz respeito à assistência a pessoas com deficiência.
Mas o mais incrível, é que a nossa "constituição" e o seu texto, não corresponde à realidade do dia a dia dos deficientes... É verdade que alguma coisa já foi feita, mas estamos ainda muito longe de todos terem uma qualidade de vida aceitável!
Posso referir que, de todos os países da Europa, Portugal é o que tem a constituição com o texto mais favorável às necessidades da pessoa com deficiência. A Holanda, em que as pessoas com limitações têm uma qualidade de vida e direitos a cima da média, a constituição deles não é tão esclarecedora como a nossa.
Hoje deixo-vos o artigo 71º e vejam como estamos ainda a alguma distância do que seria razoável.



Artigo 71.º
Cidadãos portadores de deficiência
1. Os cidadãos portadores de deficiência física ou mental gozam plenamente dos direitos e estão sujeitos aos deveres consignados na Constituição, com ressalva do exercício ou do cumprimento daqueles para os quais se encontrem incapacitados.
2. O Estado obriga-se a realizar uma política nacional de prevenção e de tratamento, reabilitação e integração dos cidadãos portadores de deficiência e de apoio às suas famílias, a desenvolver uma pedagogia que sensibilize a sociedade quanto aos deveres de respeito e solidariedade para com eles e a assumir o encargo da efectiva realização dos seus direitos, sem prejuízo dos direitos e deveres dos pais ou tutores.
3. O Estado apoia as organizações de cidadãos portadores de deficiência.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

OLHOS VERDES

OLHOS VERDES


Quando olho os teus olhos
Vejo a montanha, vejo o mar
Ficam os meus olhos cegos
Por tanto os teus amar

Esses olhos tão brilhantes
E meigos na expressão
Foram eles que prenderam
O meu pobre coração

São verdes os teus olhos
Esperança a sua cor
Sinto-me leve que nem nuvem
Neste universo de amor

Universo que é só nosso
Esse segredo que guardamos
A nós dois está limitado
Porque somos nós que nos amamos

Que mistério é este, que mistério
Que me passa pela alma, meus Deus
Sinto algo estranho em mim
Sempre que olho os olhos teus

Eles têm um olhar tão quente
Como fogo que arde sem queimar
Deixa-me arder nesse fogo
E aos teus olhos amar

Vi-te sem te ver
Que coisa estranha esta
Tocar-te sem te tocar
E é isto que me resta

Quero ver-te, quero tocar-te
Mais não posso esperar
A ansiedade é grande podes crer
E os olhos verdes quero beijar


Arménio Cruz

terça-feira, 14 de setembro de 2010

NEVOEIRO DA VIDA


                      NEVOEIRO DA VIDA



Sentado e acordado na vida
Qual pensador em desespero
Tentando sarar a ferida
Que o consome como bicho o pêro


Essa ferida sem chaga
Que lhe ataca a mente
Luta o herói contra a praga
Como guerreiro bravamente


É uma guerra de todo injusta
Duma violência amarga
É a derrota que mais o assusta
Por isso a luta ele não larga


Luta e luta desesperadamente
Perdido neste nevoeiro
Que é a vida quase ausente
Sem norte e sem paradeiro


O nevoeiro é intenso
E é difícil seguir caminho
Neste labirinto denso
Que o faz ficar sozinho


Resistindo à intempérie
Que é o nevoeiro que da vida emana
Luta porque a vida ele quer
Nesta espera Sebastiana




Arménio Cruz