Este é um blog onde dou a conhecer a minha poesia e assuntos relacionados com pessoas com deficiência

sábado, 25 de setembro de 2010

SITUAÇÕES MAIS OU MENOS CARICATAS



SITUAÇÕES MAIS OU MENOS CARICATAS
Sempre passei férias na zona de Peniche. Por indicação do médico, aos 4 anos de idade, meus pais foram para Peniche. Meu pai foi trabalhar para uma quinta nas proximidades da praia e lá ficamos durante 3 meses. Anos mais tarde passamos a frequentar a praia de S. Bernardino. Depois de S. Bernardino andámos por outras paragens, como São Pedro de Moel… Fins dos anos de 80 e toda a década de 90, fiz campismo no Parque Municipal de Peniche.
Quando cheguei a este parque de campismo, nada tinha sido feito para uma normal utilização por deficientes. Então no primeiro ano, tive alguma dificuldade no uso dos balneários, mas com ajuda de terceiros lá me fui safando. Fiz uma reclamação no respectivo livro, onde expus as carências e necessidades do parque para que tivéssemos o mínimo de condições. E para espanto meu, no ano seguinte, lá estava uma casa de banho feita de raiz para deficientes! Com as respectivas placas que a identificava. Então, muito satisfeito e na companhia de um funcionário do parque fui fazer a estreia das novas instalações.
Ao chegar, vi que havia uma rampa que dava acesso à entrada com um desnível muito aceitável. Agora vejam a tal situação caricata… para chegar à rampa tínhamos de subir um degrau com cerca de 15cm e depois, para entrar a porta, mais um degrau de 15cm.
Fui falar com o director do parque, e este disse-me que foi de certo um lapso do pedreiro que fez a obra. Pronto… com esta afirmação vi logo que a obra tinha sido feita sem a aprovação de um arquitecto ou pessoa dentro do assunto! “Isto numa obra camarária!”
Então pedi ajuda e fui ver o interior das casas de banho. Zona de lavatórios e cubículos das sanitas, tudo muito bem e acessível, o balneário do chuveiro, com uma porta apertada onde não entrava a cadeira de rodas!
Mesmo assim, ainda fiz campismo neste parque durante alguns anos. Entre muitas situações que passei neste parque, vou contar-vos uma que é uma autêntica anedota.
O parque tinha duas saídas, a principal e uma virada a norte onde só se podia sair a pé. Um dia uns amigos convidaram-me para sair por ali e irmos dar uma volta. Ao chegarmos ao portão o senhor que estava a fazer a segurança dirigiu-se a mim dizendo que não poderia sair com a cadeira de rodas, pois as ordens que tinha, era de não deixar sair qualquer veículo com rodas! Como devem calcular, isto provocou uma gargalhada em coro de todos que estavam ali. Então eu, pensando que aquilo era para algum programa de apanhados, disse que, se não podia levar a cadeira, teria de ir a pé!!!!! O homem respondeu: Faça como quiser… Então e depois de alguma diplomacia, o senhor lá me deixou levar a cadeirita!
Hoje vou ficar por aqui, mas em breve trarei mais situações que mais parecem anedotas, mas infelizmente são reais!

Arménio Cruz

1 comentário:

  1. Estimado Afilhado Arménio, só quem padece é que sabe as dores que sente, visto que quem governa, embora publique leis, estas ainda longe estão de poder dar todas as acebilidades a quem delas precisa.
    Ainda muitas barreiras a abater.

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    Eliminadas barreiras para deficientes
    27 Janeiro 2006
    O Governo aprovou ontem o regime de acesso aos edifícios e via pública, que torna obrigatória a adopção de um conjunto de normas de eliminação de barreiras arquitectónicas, para proporcionar às pessoas com limitações motoras ou sensoriais "condições iguais às dos restantes cidadãos".
    Para além da via e dos edifícios públicos, o diploma abrange também os prédios habitacionais, de forma a garantir "a mobilidade sem condicionamentos, quer nos espaços públicos, quer nos espaços privados".
    Assim, a partir de agora, a preocupação com os acessos às habitações e aos seus interiores têm que estar presentes em todos os novos projectos de edifícios.
    O Governo pretende mesmo a criação de mecanismos fiscalizadores, dotados de "uma maior eficácia sancionatória", que poderão chegar a impedir a realização de loteamentos, urbanizações e a construção de novos edifícios que não cumpram estes requisitos.
    Jorge Lacão, secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, explicou ainda que, a partir de agora, a responsabilidade por eventuais irregularidades passará também a ser atribuível aos projectistas ou aos "donos da obra".
    A reunião semanal do Conselho de Ministros resultou igualmente na aprovação de um decreto-lei que cria o Fundo de Apoio à Investigação para Reabilitação das Pessoas com Deficiência. Este fundo servirá para apoiar a comunidade científica em projectos ligados à "prevenção, habilitação, reabilitação e participação de pessoas deficientes".

    http://problemasfaro.planetaclix.pt/barreiras.htm


    As leis saem, mas na maioria ficam-se pelo papel.

    Faz bem em denuncionar estas anomalias, e este seu artigo para alem de narrar historias reais, por si vividas, e uma prova que devemos sempre lutar pelos nossos direitos.
    Um abraco amigo

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